Não importa. Ele sempre encontra você.
Desconhecidos
9/26/20251 min read


Vi a silhueta dele pela primeira vez há dois dias. Não correu, não gritou, não fez nada. Apenas ficou parado, curvado, com aquela pele úmida brilhando sob a lua. Eu estava tão apavorado que mal conseguia controlar a minha respiração — e foi aí que ele começou a se mover.
O som dos passos é o que mais me assombra. Pesados, arrastados, lentos. Não importa o quanto eu me afaste, mais cedo ou mais tarde ouço de novo aquele toc… toc… toc no chão.
Ele não tem pressa. Nunca tem pressa.
Mas o pior é o frio. O ar fica pesado, gelado, como se o mundo inteiro prendesse a respiração junto comigo. Eu sei que, se eu perder o controle, se eu respirar fundo ou gritar, ele vai sentir. Ele vai se aproximar.
Ontem, tive coragem de olhar para trás. Ele estava mais perto. Curvado, quase engatinhando, mas ainda assim maior do que qualquer homem que já vi. Seus braços quase tocavam o chão. Eu podia jurar que vi os olhos dele — ou o que parecia ser olhos — brilhando no escuro. Não sei se era luz refletida ou se era a própria fome.
Ele sente fome, não de carne, mas de medo. Quanto mais eu temo, mais rápido ele vem. Tento me convencer de que posso escapar. Ele é lento, muito lento. Se eu me acalmar, talvez consiga continuar vivo. Mas é difícil... tão difícil...
Agora mesmo, enquanto escrevo, posso ouvir os passos lá fora. Cada um deles mais próximo do que o anterior. Se alguém encontrar estas páginas, por favor... lembre-se de controlar sua respiração. Não dê ao Medonho o que ele quer.
— Último registro."
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